O Departamento de Engenharia Química da Fundação Universidade Estadual de Maringá (DEQ/UEM) foi implantado em agosto de 1973 para dar suporte ao Curso de Graduação em Engenharia Química, que havia sido criado em 1971. O DEQ/UEM iniciou suas atividades com 7 (sete) Mestres em Engenharia Química. Estes docentes atuavam desde 1972 nos Departamentos de Matemática, Física e Química da UEM.
A homogeneidade do corpo docente do DEQ/UEM facilitou o estabelecimento de princípios aparentemente pioneiros no campo de ensino de Engenharia Química no Brasil. Optou-se por uma intensa formação básica em Engenharia, posta em prática através da introdução de disciplinas de Mecânica dos Fluidos, Transferência de Calor, Transferência de Massa, Termodinâmica e Cálculo de Reatores no currículo do curso.
O Curso de Graduação em Engenharia Química da UEM, desde sua implantação em 1972, passou por várias alterações na grade curricular. O primeiro currículo, no sistema de créditos, possuía uma carga horária de aproximadamente 5900 horas e previa a integralização do curso num prazo médio de 5 anos. O curso era centrado na permanência do aluno em sala de aula, sendo que este assistia a aulas formais e a aulas extras com o auxílio de monitores. O perfil do acadêmico era projetado a partir de uma sólida formação científica e pouco experimental.
Em 1976 houve a primeira alteração curricular, onde se procurou reduzir a carga horária das disciplinas, sendo que algumas foram desdobradas em mais de uma a fim de se aprofundar o conteúdo. Nesta oportunidade foram seguidas as diretrizes estabelecidas pelo CFE que estabelecia um currículo mínimo para os cursos de graduação. As aulas práticas de fixação do conteúdo teórico eram, em algumas disciplinas, ministradas juntamente com as teóricas. A carga horária total do curso era da ordem de 4100 horas.
Em 1977 foram introduzidas duas disciplinas que ilustram importantes filosofias de trabalho no campo da Engenharia Química: Estágio Supervisionado e Trabalho de Graduação. A primeira objetiva aproximar o aluno do ambiente profissional, dando-lhe uma visão das relações humanas no trabalho e colocando-o em contato com o processo de decisões técnicas e econômicas no âmbito de empresas. A segunda, desenvolvida nos laboratórios do próprio Departamento, exemplifica a postura de pesquisa em Engenharia Química e representou a grande inovação introduzida nesse currículo. Nessa disciplina, o aluno, sob a orientação de um professor, desenvolvia uma pesquisa ou construía um módulo experimental, que seria posteriormente utilizado para aulas práticas das disciplinas do curso. O trabalho era individualizado, ou no máximo realizado por dois alunos e desenvolvido ao longo de um semestre letivo. O produto final era um relatório defendido perante uma banca formada por três docentes, e um módulo didático ou de pesquisa.
Em 1992 houve a reformulação do regime acadêmico na UEM, passando-se a adotar a seriação anual. Tal mudança exigiu uma ampla reformulação da grade curricular dos cursos de graduação. Disciplinas foram reagrupadas, conteúdos redimensionados e principalmente reduziu-se o tempo de permanência do aluno em sala de aula. Para promover a integração teórico-prática entre as disciplinas do ciclo profissionalizante foram introduzidas três disciplinas experimentais: Laboratório de Engenharia Química I, II e III. Apesar das alterações contribuírem para um maior entrosamento dos alunos entre si e com o corpo docente, para uma otimização da distribuição do tempo de aulas e de estudo individual ou em grupos, para uma maior valorização do aprendizado fora da sala de aula e para uma intensificação de estímulos à criatividade do corpo discente, o ensino continuou demasiadamente centrado no professor.
O maior desafio do DEQ/UEM, nos seus primeiros 15 (quinze) anos de existência, foi a formação e manutenção de um corpo docente altamente qualificado. Em virtude de dificuldades para a contratação de docentes mestres e doutores, a Universidade Estadual de Maringá decidiu pela contratação de graduados e sua posterior capacitação a nível de mestrado e/ou doutorado. Tal programa de capacitação gerou uma elevada demanda de recursos próprios da Universidade. No âmbito do Departamento, esta política resultou na contratação de 14 ex-alunos do Curso de Engenharia Química da UEM que representam aproximadamente 50% do seu atual corpo docente.
Inicialmente, o DEQ/UEM priorizou a capacitação docente a nível de mestrado mas, nos últimos anos essa prioridade foi revertida para o nível de doutorado. Embora o primeiro doutor houvesse chegado ao DEQ em 1977, o segundo em 1980, o terceiro em 1987 e o quarto em 1989, o DEQ conta atualmente com 13 doutores e 07 doutorandos, que representam aproximadamente 75% do seu corpo docente. Do total de 27 docentes, apenas 2 não possuem título de mestre/doutor sendo que um é doutorando e o outro é mestrando. Todos os docentes estão contratados em regime pleno de trabalho, sendo 2 em regime de tempo integral e 25 em regime de dedicação exclusiva.
A preocupação do DEQ/UEM com a qualificação do seu corpo docente e com a qualidade de ensino de graduação resultou, de forma mais ampla, na necessidade de desenvolver atividades de pesquisa e extensão. Entendeu-se desde o início que pesquisa e extensão: (i) melhorariam a qualidade de ensino de graduação, (ii) permitiriam o aperfeiçoamento contínuo dos docentes, (iii) contribuiriam para a solução de problemas tecnológicos no campo da Engenharia Química, e (iv) dotariam o DEQ/UEM de infra-estrutura e qualificação necessárias para futuros cursos de pós-graduação "stricto sensu".
A rigor, as atividades de pesquisa e extensão foram iniciadas somente em 1978. Apoiado na qualificação do seu corpo docente e em vocações regionais, o DEQ/UEM selecionou basicamente, duas grandes áreas de atuação: fertilizantes e energia. Estas áreas permitiram uma integração acentuada de pesquisas e professores no Departamento.
A área de Energia desenvolveu-se, primariamente, em função de diversas aplicações do reator de leito fluidizado. Este tipo de reator motivou trabalhos em combustão de carvão mineral, pirólise e combustão de xisto, liquefação de carvão, sistemas de controle de combustores, e sacarificação de amido. Seguiram-se trabalhos em Secagem de Grãos em Leito de Jorro utilizando os gases quentes da unidade de combustão. A maioria destas atividades foram suportadas por órgãos de financiamento (CNPq, FINEP e FIPEC) e por empresas (CONSERVIT de São Paulo, COCAMAR de Maringá e PETROBRÁS de São Mateus do Sul).
A área de Fertilizantes expandiu-se através da produção de biofertilizantes a partir de rejeitos agrícolas e lixos urbanos, gerando biogás como sub-produto. A instalação de uma unidade integrada para a produção de etanol/biogás/biofertilizante envolveu esforços conjuntos das áreas de Energia e Fertilizantes. Dentre os órgãos e empresas que suportaram estes trabalhos pode-se citar os seguintes: FINEP, BRDE, EMBRAPA, LEINER e SEIC (Secretaria da Indústria e Comércio do Paraná).
Em 1984 iniciou-se um processo de diversificação de atividades, com aplicações dirigidas à Biotecnologia/Química Fina, Processos Catalíticos e Processos de Adsorção. Destacam-se a Imobilização de Enzimas em Suportes Inorgânicos, Produção de Frutose, Produção de Carvão Ativado, Avaliação de Catalisadores para a Reforma de Metanol, Utilização de Sólidos Adsorventes para Purificação e Armazenamento de Biogás, e, mais recentemente, Síntese, Caracterização e Aplicações de Materiais Catalíticos/Adsorventes. Estas atividades têm sido financiadas pelo CNPq, FINEP, EMBRAPA, ACARPA e CONCITEC, e pelas empresas paranaenses COPES e BRASILAC.
A diversificação das atividades de pesquisa e extensão gerou, em 1988, uma redefinição das áreas de interesse do DEQ/UEM. Em função das linhas de pesquisa em desenvolvimento, estabeleceram-se as seguintes áreas prioritárias: Química Fina/Biotecnologia, Catálise Heterogênea, Processos de Separação, Simulação e Controle de Processos e Energia.
Os resultados das atividades de pesquisa e extensão têm sido divulgados através de publicações em periódicos técnico-científicos e de apresentações em congressos e seminários. O próprio DEQ/UEM costuma sediar a realização destes encontros, o primeiro deles já em 1975 - Encontro sobre Escoamento em Meios Porosos (ENEMP). A realização deste Encontro em Maringá demostrou a confiança da comunidade científica da área no potencial do DEQ/FUEM. O ENEMP foi sediado em Maringá em 1984 e 1996. Em 1983, o Departamento promoveu o I Seminário de Hidrólise Enzimática de Biomassa (SHEB), que tem se repetido a cada dois anos em Maringá. Este Seminário, por reunir especialistas do mundo inteiro, pode ser classificado como um Encontro Internacional.
Em resumo, o Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá foi, ao longo de sua existência, sempre fiel a um dos seus princípios básicos que é a integração entre ensino e pesquisa/extensão. Esta integração foi concretizada através dos programas de Iniciação Científica, do PET, das disciplinas Trabalho de Graduação e Estágio Supervisionado e através da participação direta de alunos em projetos de ensino, pesquisa e extensão. O objetivo final do DEQ/UEM sempre foi o de oferecer ensino, pesquisa e extensão da mais alta qualidade e manter um corpo docente qualificado para o desempenho permanente destas atividades. O curso de graduação em Engenharia Química da UEM destaca-se no cenário nacional e tem sido classificado extra-oficialmente, desde 1983, entre os cinco melhores cursos do país.
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